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29Abr2013

Cana é alternativa na geração de energia

DOURADOS (MS) - A falta de chuva que vem assolando o Nordeste brasileiro desde o fim de 2011 trouxe à tona a discussão sobre a necessidade de repensar a matriz energética do País, uma vez que 90% da capacidade gerada é oriunda das usinas hidrelétricas. Para evitar o colapso de um racionamento, por conta do baixo nível dos reservatórios, as térmicas a óleo foram acionadas. Só que, além de poluente, a geração dessa energia é mais cara e gera aumento na tarifa. É aqui que se inicia a conversa para a exploração da bioeletricidade proveniente da cana-de-açúcar.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a cada GWméd (energia potencial) de bioeletricidade inserido no Sistema Integrado Nacional (SIN), é possível poupar no período seco 4% dos reservatórios. O potencial de produção até o fim da década é de quase 15 mil megawatts (MW) médios ao ano, o que representa 15% da demanda do País.

Da geração de energia por biomassa, 18% são provenientes da cana-de-açúcar (bagaço e palha). “A geração pela cana apresenta inúmeros benefícios: ambientais, econômicos e a garantia do suprimento da energia elétrica”, ressalvou o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Antônio de Pádua Rodrigues, durante a segunda edição do Agroenergia em Curso, promovido pelo Projeto Agora, na cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul. De acordo com a UNICA, o custo de investimento nessa tecnologia é estimado em R$ 3 mil por quilowatt (kW) instalado.

A geração por essa energia limpa, entretanto, ainda não vem recebendo o destaque necessário do Governo Federal para se tornar uma opção alternativa à geração das hidrelétricas. “O investimento dessa fonte não está sendo viabilizado, mesmo com o enorme potencial das usinas de açúcar e álcool”, criticou o presidente da Areva Koblitz, André Salgado, em conversa com a reportagem na sede da empresa, no Recife. A Areva possui fábricas em mais de 41 países e uma rede comercial em mais de 100, oferecendo soluções tecnológicas confiáveis para produção de energia elétrica livre de dióxido de carbono.

Ainda na opinião de Salgado, a energia de biomassa tem característica importante. “Ela é de base, ou seja, eu consigo manter a geração assim como na hidrelétrica, onde tenho reservatório, porque você consegue reservar o combustível para operar. Então, essa é uma característica importante que não tem sido levado em consideração”, disse.

É verdade que o potencial da geração de bioeletricidade está relacionado à safra de cana-de-açúcar. No caso de Pernambuco, por causa da estiagem, o deficit na última safra foi de 30%, segundo estimativas da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP). Isso seria um problema, caso o sistema não fosse interligado.

Segundo estimativas da UNICA, a moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul, na safra 2012/2013, foi de 120 milhões de toneladas. “Outra vantagem da biomassa é que a maior parte está no Centro-Sul do País, onde está o consumo. Então, ela está mais próxima do consumo, o que diminui perdas”, finalizou André Salgado.

*A repórter viajou a convite da UNICA

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