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29Jan2013

Desperdício de alimentos

Milhões de pessoas no mundo sobrevivem sem alimentos condizentes à preservação de sua saúde, havendo países em que a fome é endêmica. Ações têm sido realizadas, visando atenuar o grave problema, mas sem conseguir solucioná-lo, agravado pela perspectiva do crescimento demográfico em escala internacional que acontecerá nestes próximos anos.

Preocupada com essa situação, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou, à semana passada, uma campanha “para reduzir drasticamente” o desperdício anual de 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos, sob o argumento de que atitudes simples como programar refeições ou desvalorizar datas de validade podem ter efeito positivo para minorar as ocorrências de escassez de alimentos no planeta.

O tema da iniciativa do organismo internacional é “Pensar, Comer, Preservar. Diga não ao desperdício”, sob a supervisão do
Programa da ONU para o Meio Ambiente (UNEP, na sigla em inglês) e da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), também integrante da organização.
A ONU constatou que 30% dos alimentos produzidos no mundo perde-se ou é desperdiçado durante os processos de produção e venda, equivalentes a mil milhões de dólares, conforme afirmação da FAO. A perda de alimentos começa na colheita e no processamento e distribuição, chegando ao desperdício no nível do comércio e do consumo.

Entre os últimos citados, a FAO responsabiliza consumidores, comerciantes, e da restauração e hotelaria. O mundo possui, atualmente, cerca de 7000 milhões de habitantes, devendo alcançar 9000 milhões até 2050, razão suficiente para evitar o desperdício de alimentos, tanto sob o ponto de vista econômico como o ambiental ou ético, afirma o diretor executivo da UNEP, Achim Steiner.

O diretor-geral da FAO, José Graziano, por sua vez, revela-se otimista quanto aos resultados da campanha lançada, admitindo ser possível inverter a tendência vigente e inaceitável, melhorando a vida das pessoas. Para ele, nas regiões industrializadas quase metade do desperdício alimentar – cerca de 300 milhões de toneladas anuais – ocorre porque os produtores , os vendedores e os consumidores descartam alimentos que ainda estão em condições saudáveis de serem consumidos. Na sua opinião, aquela quantidade é superior à toda produção alimentar na África Subsaariana, o bastante para mitigar a fome de 870 milhões de africanos.

O desperdício se verifica, também, na Europa, América do Norte e Oceania, variando entre 95 e 115 quilos por ano, enquanto no Sudeste asiático são jogados fora aproximadamente 6 a 11 quilos, anualmente. Nos países desenvolvidos, o desperdício é maior no processamento e venda, devido a práticas ineficientes, por estarem fora dos padrões e pela confusão generalizada pelos prazos de validade.

De todo modo, a iniciativa da ONU deveria ser merecedora da atenção de todos nós que conseguimos manter um padrão alimentício compatível com a dignidade e as necessidades do ser humano, apoiando a campanha de indiscutível mérito.

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