Ceasa

Mercado

30Abr2013

Futuro da agricultura espelhado nos jovens

Questão antiga discutida pelos movimentos de luta pela terra, a situação do jovens agricultores continua sendo central no debate sobre o futuro da agricultura e sobre as oportunidades ainda escassas nas áreas rurais. Hoje, dia em que os trabalhadores rurais de todo o Brasil realizam o “Grito pela Terra”, a pauta de reivindicações voltada para os jovens inclui a educação no campo, uma política de financiamentos bancários e a ações que promovam a melhoria qualidade de vida, entre elas acesso a assistência técnica, lazer e esporte.

O crescimento do estado nos últimos anos, com a atração de novos projetos industriais e obras de infraestrutura, tem proporcionado duas realidades distintas para os jovens trabalhadores rurais pernambucanos. Se na Zona da Mata Norte e Sul e nos municípios da Região Metropolitana do Recife (RMR) muitos têm abandonado o trabalho no campo e migrado para a construção civil em busca de uma remuneração melhor, no interior, especialmente no Semiárido, persiste a dependência de políticas governamentais, com ações que facilitem a permanência na região e a sobrevivência da agricultura.

“São situações diferentes e preocupantes. Apesar de todas as adversidades, hoje a juventude quer permanecer no campo, mas com acesso a saúde, educação, cultura, esporte e lazer. A realidade é que não existe investimento em ações de cidadania para os trabalhadores do campo. Mesmo a educação, que foi interiorizada com a implantação de várias universidades, está acessível na maior parte das vezes para os jovens urbanos e continua de difícil acesso para os jovens do meio rural”, considera Adriana do Nascimento, diretora de Política para a Juventude da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape).

Ela lembra que existe uma falsa ideia de que os jovens que passam a trabalhar na construção civil adquirem qualidade de vida. “Esses jovens não estão indo para a indústria, estão na construção civil, para obras que vão acabar. Ao mesmo tempo que é uma alternativa à agricultura, qual é a perspectiva para estas pessoas? Já no interior, o agricultor vive do que comercializa e sem investimento hídrico, sem qualidade de vida, também não há perspectiva”, completa.

No Brasil, segundo o IBGE, são pelo menos 8 milhões de jovens trabalhadores na agricultura. Em Pernambuco, segundo o secretário-executivo de Agricultura Familiar, Aldo Santos, pelo menos 100 mil jovens estão no campo. Santos reconhece as questões apontadas pela Fetape, mas defende que as soluções fazem parte de um conjunto de medidas que envolvem ações do governo estadual e federal.

“Estamos debruçados nas reivindicações dos trabalhadores e devemos anunciar algumas ações nesta terça-feira. As políticas para os jovens estão dentro de uma política para a agricultura”, explica. A pauta da Fetape tem 42 itens, dos quais 14 são considerados prioritários.

Notícias