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25Mar2013

Plano para evitar o fim da mangabeira

A mangabeira é uma espécie nativa brasileira e típica das restingas, tabuleiros costeiros e cerrados do Norte até o Sudeste do País. Produtora de frutos usados em sucos, sorvetes e doces, a árvore está ameaçada de extinção em Pernambuco. Para garantir a sobrevivência desse vegetal, um projeto prevê o plantio de três mil mudas na Reserva do Paiva, no Grande Recife. O plano é desenvolvido por meio de parceria entre a Associação-Geral da Reserva do Paiva e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Em três anos, os três mil espécimes já terão se desenvolvido o bastante para gerar mangabas, produzir látex e fazer sombra no Parque do Paiva, área pública de 6,6 hectares, constituindo nova fonte de renda e proporcionando um espaço de lazer para a população.

A dificuldade para encontrar sementes que gerassem mudas saudáveis e aptas a se desenvolver no Estado foi superada com a orientação de especialistas. O pesquisador da Embrapa responsável por acompanhar o projeto, Josué Francisco da Silva Júnior, explicou que, em Pernambuco, a população natural da espécie está em franco declínio devido ao desmatamento, à especulação imobiliária, ao cultivo histórico de cana-de-açúcar e à construção de viveiros de camarão.

"Embora muito desse patrimônio genético já tenha sido perdido, a cultura em novas áreas pode evitar o seu desaparecimento e promover melhoria de renda de muitas comunidades. A iniciativa do repovoamento da mangabeira casou com uma atividade que a Embrapa vem desenvolvendo no litoral do Nordeste, que é a conservação de populações de mangabeiras nativas em suas áreas de origem", afirmou.

Para isso, a Embrapa apoiou o projeto, orientando o plantio com sementes de mangabeira do Cabo de Santo Agostinho, a fim de que as características genéticas da região sejam mantidas. Os técnicos do Viveiro de Mudas da Reserva do Paiva precisaram, então, germinar o fruto do últimos exemplares encontrados nas redondezas, criando árvores matrizes, que se reproduziram e estão dando origem às sementes que serão utilizadas no repovoamento.

"O cultivo apresenta algumas complicações, porque a semente é frágil, não pode ser recolhida depois de muito tempo de o fruto ter caído do galho e nem pega no solo se o fruto for retirado do pé antes da hora. Sua raiz também não é tão agressiva, o que dificulta sua fixação", esclarece Paulo Ferreira, gerente da Atmosphera, empresa de paisagismo contratada pela Odebrecht para cuidar do Viveiro de Mudas.

De acordo com Josué Francisco, o látex da mangabeira era bastante utilizado para a fabricação de borracha no passado, sobretudo no período das grandes guerras, quando a borracha da seringueira não era suficiente. "Hoje, ele é usado apenas na medicina popular", afirma.

Apesar do difícil manejo, a comunidade do entorno poderá usar as mangabas como fonte de renda no futuro. "A princípio, não visamos a atividades comerciais em torno das 100 mil árvores - de 103 espécies diferentes - que plantaremos no Parque do Paiva. Pensamos em recriar um ambiente onde as pessoas possam ter contato com a natureza típica do nosso Estado, da nossa região. Mas sabemos que três mil mangabeiras estarão gerando muitos frutos daqui a três ou quatro anos e a população poderá tirar proveito disso", comentou Luis Henrique Oliveira, diretor de Incorporações da Odebrecht.

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