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20Jun2011

Zona da Mata Norte produz uva izabel

Enquanto grandes ruralistas debatem sobre o acúmulo de renda através do agronegócio e o caloroso debate sobre o novo Código Florestal leva a discussão sobre a vida no campo para dentro da casa dos brasileiros, a agricultura familiar vai, gradativamente, firmando-se enquanto modelo de produção, geração de renda e desenvolvimento sustentável. Em Pernambuco, os municípios de São Vicente Férrer e Macaparana, no Vale do Siriji, Zona da Mata Norte de Pernambuco, dão dignidade a pequenos produtores e levam as uvas izabel pernambucanas para além das fronteiras do Estado.

Longe do Vale do São Francisco - onde é tradicional o cultivo da uva, mas não da espécie izabel, encontrada somente no Vale do Siriji ou no Sul do País -, ela se transformou em uma alternativa produtiva ao cultivo da cana-de-açucar. E segundo dados do Intituto Agronômico de Pernambuco (IPA), de lá da Zona da Mata, onde se concentram 90% das parreiras da região (500 hectares em São Vicente Férrer e 50 hectares em Macaparana), elas têm saído para abastecer os supermercados e feiras livres de Sergipe e do Rio Grande do Norte.

A agricultura familiar é uma prova da multifuncionalidade da produção no campo. Além de produzir alimentos e matérias-primas, gera em torno de 80% da ocupação no setor rural e favorece a implementação de práticas produtivas ecologicamente mais equilibradas, como o menor uso de insumos industriais e preservação do patrimônio genético. Em apenas um hectar cheios de uvas, por exemplo, é possível colher 15 toneladas da fruta em apenas duas colheitas, e gerar um lucro que chega a R$ 8 mil para o pequeno produtor.

Prova viva é José Ivanildo Cavalcanti de Farias. O pequeno produtor é só alegrias. A receita que gera com as vendas chega a 50% dos recursos investidos, que incluem irrigação, fungicidas e adubação. O plantio começou com seu avô e, por ter duas safras anuais, pode ser programado para acontecer em épocas distintas. “É a nossa produção e a de nossos vizinhos que abastecem o mercado nordestino de uva izabel. Por causa das safras, alcançamos bons preços. No verão, o quilo sai por R$ 0,80. Já no inverno, o preço passa de R$ 2,00”, comemora.

Quem tem dado o reconhecimento devido ao potencial da uva izabel na Zona da Mata Norte é o IPA, que tem acompanhado e incentivado o plantio dos parreirais, além de oferecer assistência desde o estudo de viabilidade, análise solo até os tratos culturais. “Temos apostado em presença efetiva de técnicos na região. É importante descentralizar a cultura da cana-de-açucar”, explicou o diretor do IPA em São Vicente Férrer, José de Souza.

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